A discussão sobre as conseqüências do efeito estufa na vida do nosso planeta tem se intensificado em toda a imprensa desde 1997 com a proposta de assinatura do Protocolo de Kyoto.
Pesquisas realizadas entre 1998 e 1999, divulgadas pelo site www.revistacombustiveis.com.br apontaram tendência da maioria dos consumidores brasileiros a preferir produtos oferecidos por empresas ambientalmente responsáveis em diversos segmentos econômicos. Realizado pela Confederação Nacional da Indústria, em parceria com o Ibope, o estudo mostra que 68% dos entrevistados pagariam mais caro por um produto que não contaminasse o meio ambiente, e que 91% se preocupam com o futuro do planeta para as futuras gerações.
A partir destes estudos, algumas empresas transformaram a preocupação de seus consumidores em estratégia de mercado, o chamado Marketing Verde. O exemplo brasileiro mais emblemático é o segmento de combustíveis, que, em Santa Catarina, criou o Selo Verde, espécie de certificado para os postos de gasolina que funcionam de acordo com as normas de preservação ambiental.
O selo estendeu-se a todos os segmentos e, em Goiânia, por exemplo, a empresa Ortobom produz seus colchões respeitando os critérios de não agressão ao meio ambiente, priorizando fabricantes que trabalhem com matéria-prima certificada e reflorestamento.
Porém, embora nobre, muitas vezes a atitude não se motiva porque os empresários têm "bom coração". Uma análise mais crítica pode revelar que alguns deles o fazem com o intuito de se livrar de um histórico marcado por ações de agressão à saúde do trabalho. O marketing então vira maquiagem.
É o caso, por exemplo, da SAMA Minerações Associadas, localizada em Minaçu - Goiás,responsável pela extração de amianto crisotila, matéria-prima usada na confecção de telhas,caixas d'água, pastilhas de freio, tintas, roupas especiais contra incêndio, papéis e papelões. Desde 1985, a empresa tem sido denunciada por danos à saúde de seus trabalhadores, pois o minério é altamente cancerígeno.
A divulgação de ações de responsabilidade social neste sentido transforma-se numa forte ferramenta de reposicionamento da marca no mercado. Uma tentativa de reparação imagética junto à população da cidade, aos investidores e parceiros da produção de amianto e aos consumidores do produto final.
Uma das opções de mais impacto nesta tentativa de "redenção" é as empresas publicarem em seus sites notícias ecológicas e linhas de financiamento a projetos de desenvolvimento sustentável, educação e cultura.
O problema, e aí é necessário que a população atente-se para isso, é que o foco nas ações sociais e o Marketing Verde não mudam os danos que a extração do amianto causa à saúde dos seus funcionários e, consequentemente das suas famílias.
A verdadeira responsabilidade social está no equilíbrio entre fabricação de produtos ecologicamente corretos - usando recursos e condições de trabalho adequadas - e realização de eventos e campanhas de preservação e educação socioambiental.
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