Sucesso de público e crítica, o monólogo estrelado por Fernanda Torres volta ao Rio, no Imperator
Por Érica Avelar
A montagem, que tem direção e adaptação de Domingos de Oliveira, texto original de João Ubaldo Ribeiro, ficará em cartaz de 30 de novembro a 9 de dezembro, no Centro Cultural João Nogueira (Imperator), no Méier. A curta temporada (seis sessões) é o início das celebrações dos 10 anos do espetáculo, comemorados no próximo ano. As apresentações acontecem às sextas e sábados às 20h e aos domingos às 19h30. Contato para aquisição de ingressos: (21) 2596-1090.
O espetáculo
Fernanda Torres interpreta uma baiana de 68 anos que detalha as incontáveis experiências sexuais que teve ao longo da vida. Em cena, ela conta, com muito humor, histórias de uma mulher que deseja dizer ao mundo que ousou cumprir sua vocação libertina e foi feliz.
Quando Domingos Oliveira leu pela primeira vez a obra de João Ubaldo, percebeu imediatamente o valor dramático do texto. Para escolher a atriz, Domingos pensou que "precisava de alguém que soubesse transitar por todas as idades, pelas diversas fases da personagem". Pareceu ao diretor que deveria ser uma atriz que estivesse "entre os trinta e cinco e quarenta e poucos anos, a melhor idade na vida de qualquer mulher".
Esse recurso simples de utilizar uma mulher jovem para viver uma senhora sexagenária que se lembra de detalhes de toda sua vida acabou por acentuar o discurso libertário da baiana de João Ubaldo. Quem prega, confessa e ri é a mulher no seu ideal de completude, em uma imagem projetada e viva. Essa ilusão contribui para que a viagem sexo-sensorial, proposta por João Ubaldo, aconteça plenamente no teatro. É impossível ficar-se indiferente à seleção de homens e mulheres que a baiana evoca, como também é impossível deixar de associá-los ao nosso próprio memorial afetivo. Esse efeito colateral talvez seja a grande experiência sensorial do espetáculo.
"A narrativa de João Ubaldo Ribeiro contém nítida importância filosófica, disfarçada em folhetins de peripécias sexuais. O personagem sem nome que Ubaldo criou é sem dúvida uma deusa. Ela possui uma liberdade divina almejada na imaginação por todos nós e, na prática, inalcançável por qualquer um de nós", diz Domingos.
Fernanda Torres encontrou neste convite o projeto ideal para experimentar a possibilidade de se fazer teatro apenas com um ator, um texto e um microfone. Era uma vontade antiga que a atriz alimentava desde que assistiu pela primeira vez a um monólogo de Spalding Gray. A contundência do discurso sexual da baiana e a qualidade do texto de João Ubaldo deram segurança para que Domingos de Oliveira e Fernanda Torres optassem pela limpeza absoluta, pondo em prática a máxima: quanto menos, mais. Arriscaram deixar a personagem sentada, acompanhada apenas de alguns objetos, entre os quais o livro "Nossa Vida Sexual", de Fritz Khan, e os dois Budas Ditosos - estátuas em miniatura de dois pequenos budas praticando sexo.
A diretora de criação, Daniela Thomas, soube sintetizar nessa simplicidade a luxúria que deu origem ao texto. Utilizando um fundo preto de cenário e uma mesa de vidro, permitiu que a verdadeira arquitetura em cena estivesse presente apenas na caracterização da personagem. Os balangandãs da baiana, jóias, batom, cabelo, peitos, estampa, volúpia e excessos são trazidos em cena por ela; e com ela vão embora.
Ficha Técnica:
A CASA DOS BUDAS DITOSOS
Com: Fernanda Torres
Direção e adaptação: Domingos de Oliveira
Direção de Arte: Daniela Thomas
Direção de Produção: Carmen Mello
Telefone (bilheteria):
Nenhum comentário:
Postar um comentário